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Catarina e o chá

Quarta-feira, 18.03.09

  

 

Catarina de Bragança foi a quarta filha de D. Luísa de Gusmão (espanhola de nascimento) e do futuro rei D. João IV (1604-1656), o rei da Restauração.

D. Catarina de Bragança foi, como tantas infantas portuguesas, casadas com reis e imperadores estrangeiros, tão feliz como as outras, tendo em conta que os casamentos reais eram contratos, onde interesses políticos e económicos pesavam mais que os aspectos românticos. Amor no casamento era um «luxo» que muito raramente acontecia na vida dos monarcas e imperadores, e consequentemente das rainhas e imperatrizes e isso quer a Oriente quer a Ocidente. Uma armada de vinte navios, comandada pelo conde de Sandwich, saiu de Lisboa, no meio de grandes festejos de despedida no rio Tejo. A infanta D. Catarina de Bragança embarcou no Royal Charles, que rumou a Portsmouth e onde chegou a 25 de Maio. No cômputo geral, os 23 anos de casamento de D. Catarina de Bragança, não foi menos conseguido que o da maioria das princesas do seu tempo e a prova é que Carlos II, foi por diversas vezes instado a divorciar-se e não o fez. Não tinha motivos, afirmava, aos que o aconselhavam a dar esse passo. Disse-o mesmo em declarações públicas. À sua maneira, respeitou e amou a sua rainha. Quando já viúva, Catarina de Bragança, regressou a Portugal foi alvo de grandes manifestações de júbilo tanto da parte dos portugueses como da comunidade inglesa. Em Inglaterra teve, à despedida, todas as honras prestadas a uma rainha, a que o povo da rua se solidarizou e trouxe no seu séquito ingleses e inglesas que permaneceram vários anos no nosso país e de quem D. Catarina era amiga. Afinal era já, nos costumes e hábitos adquiridos, mais inglesa, que portuguesa. D. Catarina, infanta de Portugal, o tal país que os detractores diziam ser paupérrimo e com uma corte sem maneiras, introduziu inovações na corte inglesa, e não apenas o hábito de se tomar chá. Uma das primeiras inovações tem a ver com a estranheza que a rainha demonstrou ao ser servida, às refeições em pratos de ouro ou prata. Os alimentos estavam sempre frios e a rainha terá perguntado porque se não usavam pratos de porcelana, algo que na corte portuguesa já se usava há muitos anos.  D. Catarina também levou móveis, entre eles preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em Inglaterra. A infanta portuguesa também se deslocou para Inglaterra com uma orquestra composta de músicos portugueses, o que era um sintoma de civilidade e cultura. Se não formos nós portugueses a fazer referência a estes pormenores, eles ficam esquecidos na História Universal, normalmente feita por homens e que pouco valor dão aos pormenores que marcam a diferença. Sem dúvida que o primeiro chá bebido na corte inglesa por D. Catarina de Bragança lhe terá sido enviado de Lisboa vindo da China via Macau, primeiro entreposto comercial entre o Ocidente e o Oriente (desde 1557). A rainha Catarina terá ensinado a preparar o chá e a bebê-lo acompanhado de bolos. E passou a ser preparado em bules de porcelana. Pensa-se que a princesa portuguesa, ou alguma dama da sua comitiva, terá levado para a corte inglesa a receita do doce de laranja, preparado na zona de Vila Viçosa, onde este fruto abunda. A verdade é que o termo «marmalade» é a palavra portuguesa «marmelada», que é confeccionada com marmelo, fruto que não era conhecido em Inglaterra. Após falecimento do Rei Carlos II de Inglaterra, Catarina viúva, ainda ficou no seu Paíd de adopção mais 9 anos. Chegou finalmente o dia do regresso à pátria. A rainha D. Catarina de Bragança, saiu, em finais de 1692, de Somerset-House acompanhada por uma comitiva de cento e vinte pessoas e chegou a Portugal no início de 1693. passagem por Espanha (país da mãe) teve manifestações de simpatia. A sua chegada a Portugal foi festejada com verdadeiro júbilo, em todo o percurso até Lisboa. Aqui as festas da sua chegada duraram três dias. Por impedimento do rei de Portugal D. Pedro II, Catarina de Bragança foi por duas vezes regente. D. Catarina residiu em diversos palácios, hábito que trouxe de Inglaterra. Antes de morrer quis voltar a Vila Viçosa, o que aconteceu, em Fevereiro de 1699. Acabou os seus dias no palácio que mandou construir - Palácio da Bemposta. Em 1914 os seus restos mortais foram transladados do Mosteiro dos Jerónimos para S. Vicente de Fora. Historicamente, a origem do chá como erva medicinal útil para se manter desperto não é clara. O uso do chá, enquanto bebida social data, pelo menos, da época da dinastia Tang. Os primeiros europeus a contactar com o chá foram os Portugueses que chegaram ao Japão em 1560. Em breve a Europa começou a importar as folhas, tendo a bebida tornado-se rapidamente popular. O uso do chá em Inglaterra é atribuído a Catarina de Bragança, Princesa portuguesa. O caractere chinês para chá é 茶, mas tem duas formas completamente distintas de se pronunciar. Uma é 'te' que vem da palavra malaia para a bebida, usada pelo dialecto Min-nan que se encontra em Amoy. Outra é usada em cantonês e mandarim, que soa como cha e significa 'apanhar, colher'.

Caracter Chinês da palavra CháExistem muitas lendas e mitos no que respeita à origem do chá. A mais conhecida conta que a sua origem remonta desde há 5000 anos, no Tibete, na China, aquando do reinado do Imperador Sheng Nong, um governante justo e competente, amante das artes e da ciência e conhecido como o Curandeiro Divino. O Imperador, preocupado com as epidemias que devastavam o Império do Meio, decretou um edital que exigia que todas as pessoas fervessem a água antes de a consumirem. Certo dia, quando o governador chinês passeava pelos seus jardins, pediu aos seus servidores que lhe fervessem água, enquanto descansava debaixo da sombra de uma árvore. Enquanto esperava que a água arrefece-se, algumas folhas vindas de uns arbustos caíram dentro do seu copo, atribuindo à água uma tonalidade acastanhada. O Imperador decidiu provar, surpreendendo-se com o sabor agradável. A partir deste momento ficou adepto do chá, induzindo o seu gosto ao seu povo.

Como cada lenda ou mito costuma ter sempre alguma parte de verdade, esta não é excepção. É sabido que a origem do chá remonta ao período imediatamente antes da ascensão da Dinastia T'ang ao poder, entre os anos 618 e 906. Entrou no Japão, através de Monges Budistas e passou a sua preparação a ser um rito religioso e uma cerimónia em que cada gesto tem um significado. Esta Dinastia assistiu à difusão de uma bebida feita pelos monges budistas. Esta bebida, vinda dos Himalaias, era proveniente do arbusto do chá, de nome científico Camellia Sinensis, que crescia em estado selvagem nesta cordilheira asiática.

Segundo os relatos do monge budista japonês Ennin, durante uma viagem ao Império do Meio, por volta do século IX, o chá já fazia parte dos hábitos dos chineses. Na mesma época, um monge budista chinês, de nome Lu Yu, escreveu o primeiro grande livro sobre chá, chamado Ch'a Ching, onde são descritos os métodos de cultivo e preparação usados no Império.

Foi então que o chá começou a avançar para o Ocidente, através da Ásia Central e da Rússia. No entanto, só quando os portugueses chegaram ao Oriente, nos finais do século XV, é que se começou a conhecer verdadeiramente o chá.

Nesta época, as naus portuguesas traziam carregamentos de chá até ao porto de Lisboa, ponto de onde, a maioria da carga, era depois reexportada para a Holanda e a França. Portugal rapidamente perdeu o monopólio deste comércio, apesar de ter sido um sacerdote jesuíta português o primeiro europeu a escrever sobre o chá. No século XVII, a frota dos holandeses estava muito poderosa, dando-lhes vantagem.

 

Abaixo junto imagem do  brasão da Realeza Portuguesa, Casa de Bragança e Brasão de Princesa da Beira.

      



 

 

 

 

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publicado por grelhadamista às 11:09

Patriotismo

Sexta-feira, 06.03.09

 

             

 

Nobre Patriotismo dos Patriotas

 

 Há em primeiro lugar o nobre patriotismo dos patriotas: esses amam a pátria, não dedicando-lhe estrofes, mas com a serenidade grave e profunda dos corações fortes. Respeitam a tradição, mas o seu esforço vai todo para a nação viva, a que em torno deles trabalha, produz, pensa e sofre: e, deixando para trás as glórias que ganhámos nas Molucas, ocupam-se da pátria contemporânea, cujo coração bate ao mesmo tempo que o seu, procurando perceber-lhe as aspirações, dirigir-lhe as forças, torná-la mais livre, mais forte, mais culta, mais sábia, mais próspera, e por todas estas nobres qualidades elevá-la entre as nações. Nada do que pertence à pátria lhes é estranho: admiram decerto Afonso Henriques, mas não ficam para todo o sempre petrificados nessa admiração: vão por entre o povo, educando-o e melhorando-o, procurando-lhe mais trabalho e organizando-lhe mais instrução, promovendo sem descanso os dois bens supremos - ciência e justiça.
Põem a pátria acima do interesse, da ambição, da gloríola; e se têm por vezes um fanatismo estreito, a sua mesma paixão diviniza-os. Tudo o que é seu o dão à pátria: sacrificam-lhe vida, trabalho, saúde, força, o melhor de si mesmo. Dão-lhe sobretudo o que as nações necessitam mais, e o que só as faz grandes: dão-lhe a verdade. A verdade em tudo, em história, em arte, em política, nos costumes. Não a adulam, não a iludem; não lhe dizem que ela é grande porque tomou Calecute, dizem-lhe que é pequena porque não tem escolas. Gritam-lhe sem cessar a verdade rude e brutal. Gritam-lhe: - «Tu és pobre, trabalha; tu és ignorante, estuda; tu és fraca, arma-te! E quando tiveres trabalhado, estudado e armado, eu, se for necessário, saberei morrer contigo!» Eis o nobre patriotismo dos patriotas.
-Eça de Queirós, in 'Notas Contemporâneas'-

  

Eu, eu sou bastante  patriota, não porque o digo, mas porque não consigo evitar de o sentir com muita força. Atenção, mas não confundir o meu ou o Patriotismo com Nacionalismo, serão palavras que muitas vezes e quase sempre por polítiquices, andarão inter-ligadas e juntas, mas que terão significados muito diferentes no sentido prático da palavra.

Não iria tão longe como Eça de Queiroz, no sentido da palavra, mas sermos patriotas, dar valor ao que é nosso, à nossa história, ao nosso povo, às nossas tradições e costumes, respeitando a nossa nação e todas as outras nações e povos, nunca fará mal a ninguém, pelo contrário, com coerência, valores, justiça e lealdade, só pode trazer tudo de bom para o nosso País.

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publicado por grelhadamista às 11:44

Cada Pessoa, cada Mundo!!

Quarta-feira, 04.03.09

Vinda de uma parte no Norte e a conhecer muito pouco da grande Lisboa, a Cláudia, uma amiga comum, chegou no passado domingo de comboio ao Oriente, vinda directamente de Gião, freguesia pertencente ao concelho de Santa Maria da Feira. Veio passar uma semana conosco em Lisboa, para conhecer melhor a maior cidade de Portugal. Enquanto trabalhávamos 8 horas diárias, a Cláudia, de férias, conheceu grande parte de Lisboa e Cascais, imagine-se, a PÉ. Todos os dias levantava-se bem cedo, comprava o pão numa das padarias do nosso bairro e passeava a Vodka, a nossa pastora belga/ alemã, a minha menina, enquanto nos apressávamos para chegar ao trabalho a horas. Depois metia-se no metro e  ia a pé do Rossio até Belém, de Santa Apolónia ao Bairro Alto, de Alcântara a Algés, de Cascais até ao Guincho. Conheceu caminhos, monumentos, lojas, sítios, miradouros, no fundo, não conhecia mas envolveu-se na vida de Lisboa, no seu odor e suas gentes, sem qualquer receio, preconceito ou preguiça. Preguiça que muitas vezes aliada à falta de interesse e ao pouco valor que damos à cidade onde vivemos, em que o dia a dia e o nosso interesse e vontade, não nos permite, olhar a nossa cidade com outros olhos ou "perder" tempo em caminhar, visitar os nossos monumentos, museus e toda uma vasta agenda cultural que nos é apresentada mensalmente e que muitas vezes e infelizmente, passa ao lado de uma parte considerável dos Lisboetas. (Não só em Lisboa, mas penso que acontece o mesmo noutras cidades e regiões do País, infelizmente). Como resultado, a Cláudia adorou Lisboa, segundo ela. Deixou-se envolver e conheceu muitos nomes, lugares ,monumentos e museus, que muitos Lisboetas e Portugueses não conhecem, mesmo morando à anos e anos em Lisboa, quem diz em Lisboa, diz o mesmo  a moradores de outras regiões, muitos de nós, não cohecemos o nosso País, nem a nossa cidade ou região. A Cláudia, já fala de muitos lugares e trata-os pelo nome. Eu, pessoalmente fiquei muito satisfeito e contente, pois sou nascido e criado em Lisboa e quem me conheçe sabe o grande carinho e amor que tenho por esta cidade e pelo nosso País. Sou um Lisboeta que sempre que posso, faço turismo na minha cidade, de máquina fotográfica em punho, a conhecer novos cantinhos e espaços, visitar novos lugares, participar nos eventos culturais e não só, etc... aqui ou noutra região do País.

 A Claudia foi Lisboeta por uma semana e de certeza que o continuará a ser, nem que seja uma pequena parte, porque, sim, esta cidade também é dela, sim, dar valor ao que é nosso, às nossas gentes, tradições e lugares, no Sul, nas Ilhas ou no Norte, mas lá está, cada pessoa, cada mundo.

Tenho a certeza que a vista deixou saudade, não só para ela, como também para nós.

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publicado por grelhadamista às 10:54

A rã que não sabia que estava a ser cozinhada

Segunda-feira, 02.03.09

 

Imagine uma panela cheia de água fria, na qual nada tranquilamente uma pequena rã. Após algum tempo, é aceso um pequeno fogo debaixo da panela e a água começa a aquecer muito lentamente, pouco a pouco água fica morna e a rã, achando isso bastante agradável, contínua a nadar, a temperatura da água contínua a subir...agora água está mais quente do que a rã gostaria, sente-se um pouco cansada, mas, não obstante, isso não a amedronta…mas agora água está realmente quente e a rã começa a achar desagradável, mas está muito debilitada. Então aguenta e não faz nada...A temperatura contínua a subir, até que a rã acaba, simplesmente, morta e cozida.
 
Se a mesma rã tivesse sido lançada directamente na água a 50 graus, com um golpe de pernas teria pulado imediatamente da panela.
Isto mostra que, quando uma mudança acontece de um modo suficientemente lento, escapa à consciência e não desperta, na maior parte dos casos, nenhuma reação, nem um pouco de oposição ou alguma revolta.
Se nós olharmos para o que tem acontecido na nossa sociedade durante as últimas décadas poderemos ver que estamos a sofrer uma lenta mudança na vida à qual nos vamos acostumando. Uma quantidade de coisas que nos teriam feito horrorizar há 20, 30 ou 40 anos, foram a pouco e pouco banalizadas e hoje apenas perturbam levemente ou até deixam completamente indiferentes a maior parte das pessoas. Em nome do progresso, da ciência e do lucro são efectuados ataques contínuos às liberdades individuais, à dignidade, à integridade da natureza, à beleza e à alegria de viver. Lenta, mas inexoravelmente, com a constante cumplicidade das vítimas, desavisadas e agora incapazes de se defenderem. As previsões para o futuro, em vez de despertarem reacções e medidas preventivas, não fazem outra coisa que não seja preparar psicologicamente as pessoas para aceitarem algumas condições de vida decadentes, aliás dramáticas. O martelar contínuo de informações dos média satura os cérebros que não podem distinguir mais as coisas... Quando se falou pela primeira vez destas coisas, era para um amanhã, Agora, é para hoje!!!
 
Conscientes ou cozinhados, precisamos de escolher!
Então, se você não está como a rã, já meio cozido, dê um golpe de pernas, antes que seja muito tarde.
NÓS JÁ ESTAMOS MEIOS COZIDOS? OU NÃO?
 
Quanto à CRISE, já dizia Einstein...
 

«Não pretendamos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo.
A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos.
A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura.
É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias.
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".
Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência.
O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis.
Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia.
Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um.
Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo.
Em vez disso, trabalhemos duro.
Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la». 
  

Albert Einstein

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publicado por grelhadamista às 10:41





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